Niéde Guidon, a arqueóloga que desafiou o mundo

A teoria mais difundida sobre o povoamento das Américas dizia que os primeiros humanos teriam chegado ao continente pelo Estreito de Bering, entre a Rússia e os Estados Unidos, por volta de 12 mil anos atrás. A arqueóloga brasileira Niède Guidon, porém, encontrou no Piauí vestígios de fogões primitivos e utensílios de pedra lascada (material lítico) utilizados por caçadores há mais de 100 mil anos. Esses vestígios de presença humana foram descobertos em escavações arqueológicas feitas principalmente junto a abrigos rochosos naturais com muitas pinturas rupestres, no Parque Nacional Serra da Capivara, no Piauí, declarado Patrimônio Mundial pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO).

Niéde chegou ao Piauí em 1973, enquanto pesquisadora do Centre National de La Recherche Scientifique, em Paris, e nunca mais saiu da região. Além de sacudir as teorias da arqueologia tradicional, ela fundou o Parque Nacional da Serra da Capivara. Guardiã de um grande tesouro, Niéde defende que os primeiros humanos vieram para as Américas parando de ilha em ilha, numa época em que a África estava muito mais próxima e o nível do oceano bem mais baixo. A datação de Niède Guidon se baseia em evidências arqueológicas concretas encontradas na região da Serra da Capivara, no Piauí, Brasil. Essas evidências incluem pinturas rupestres, artefatos de pedra e restos de fogueiras que foram cuidadosamente estudados e datados por métodos científicos confiáveis, como datação por radiocarbono.