Na tradição da língua, o particípio passado de pegar é pegado, não ocorrendo jamais a forma pego. Por analogia com verbos que têm duas formas de particípio passado, uma regular e outra irregular (como pagar: pagado e pago), criou-se a forma irregular pego. Essa inovação concorreu com a forma regular, até enfim substituí-la amplamente, a ponto de hoje pegado soar como erro, pelo menos a ouvidos brasileiros: ela foi pegada de surpresa. Não obstante, para “puristas” ou simplesmente conservadores, pego é tão inaceitável quanto chego (particípio inovador de chegar), que já se usa, ou nego (de negar), que ainda não brotou da criatividade popular, pois até hoje não ocorreu a ninguém dizer que “o pedido foi nego”.